Nicolau Copérnico
Nikolaj Kopernik (1473 - 1543), que mais tarde assinaria suas obras com a versão latina Nicolaus Copernicus, nasceu em 14 de fevereiro de 1473, na cidadezinha de Torun, à margem do rio Vístula, Polônia
Aos dez anos de idade, Nicolau e seus três irmãos mais velhos perderam o pai. Por costume e caridade, um tio rico e poderoso assumiu a tutela dos órfãos.
Em 1497, com 24 anos, segue para a Itália, a fim de estudar medicina, astronomia e arte.
Seus primeiros estudos na Natio Germanorum, de Bolonha, levaram-no a conhecer Domenico Novarra. Embora dezenove anos mais velho que Nicolau, Novarra tornou-se seu amigo e deu-lhe ampla orientação nos estudos de astronomia. A primeira observação astronômica feita por Copérnico, em 9 de março de 1497, em Bolonha, foi o ocultamente da estrela Aldebaran.
Enquanto isso, embora ausente da Polônia, era eleito cônego de Frauenburg e o tio aceitava o cargo por procuração do sobrinho, que só tomaria posse em 1501. E, na Itália, imperturbável, Copérnico continuava seus estudos. Ainda em Bolonha, interessou-se pelo idioma grego, um conhecimento que iria ter influência fundamental em sua carreira futura.
Depois de Bolonha, foi conhecer Roma, onde fez algumas conferências sobre matemática. Ali, apaixonou-se definitivamente pela arte e pela ciência. Ante a insistência do tio, voltou à Polônia para tomar posse do canonicato, mas logo em seguida obteve licença para voltar às suas atividades na península.
Entrou para a Universidade de Pádua, onde durante quase quatro anos estudou leis, teologia e medicina. Finalmente, em 1504, quando voltou à Polônia em definitivo, Copérnico estava em dia com os conhecimentos de matemática, astronomia, medicina, teologia, línguas clássicas e direito. A sua formação intelectual estava completa.
Em retribuição ao amparo recebido, serviu ao tio em Cracóvia até 1512, ano em que este morreu. Um exemplo de seu desprendimento pessoal foi o exercício gratuito da medicina, em Frauenburg, onde atendia aos pobres.
Nessa época, o sistema geocêntrico de Cláudio Ptolomeu já parecia insatisfatório para Copérnico e muitos outros astrônomos. Freqüentemente, as observações pareciam desmentir a teoria, o que os forçava a reverem os arranjos de deferentes e epiciclos. Tudo isso fazia Copérnico imaginar que houvesse algo de fundamentalmente errado no sistema ptolemaico. Na tentativa de descobrir o erro, passou a ler todos os trabalhos que precederam à formulação da teoria de Ptolomeu. E descobriu. Graças a seus sólidos conhecimentos de grego, foi conhecer em detalhe as teorias heliocêntricas propostas por volta de 300 anos a.C. por astrônomos como Aristarco de Samos. Copérnico ainda supunha que as órbitas dos planetas eram circulares, percebeu que a idéia do Sol como centro das órbitas dos planetas fazia sentido, era mais lógica do que a idéia geocêntrica. Mas o geocentrismo era um artigo de fé, não apenas um preconceito científico. E o Nicolau cônego guardou para si o que o Nicolau cientista descobrira.
Mas, na intimidade, Copérnico discutia o assunto com discípulos e amigos. A maior parte deles insistia para que Copérnico expusesse suas idéias em público, para críticas e comprovação, mas o bondoso clérigo não sentia nenhuma atração especial pela polêmica. Ainda assim, publicou em 1530 uma pequena obra intitulada Commentariolus, na qual expunha timidamente a teoria heliocêntrica, mas sem cálculos nem diagramas que lhe dessem força de tese ou de teoria.